27 fevereiro 2007

Hoje também percebo... não perdi um irmão nem um filho mas perdi o meu melhor amigo e namorado... e hoje em dia se alguém me perguntar se tenho namorado eu digo que sim ou mesmo quando falo nele, refiro-me sempre como "o meu namorado" o que por vezes deixa as pessoas a pensar. Para mim é um hábito que não vou perder nem deixar de sentir.
Homens há muitos, bons amigos há alguns, encontrar na mesma pessoa o amor da nossa vida e o nosso melhor amigo é que não é facil.... por isso mesmo estou grata de o ter encontrado, visto que muitas pessoas vivem uma longa vida sem nunca o conseguirem.
Apesar de tudo sinto-me uma mulher de sorte.
posted by Teresa Cordeiro

26 fevereiro 2007

na hora de pôr a mesa, éramos cinco:
o meu pai, a minha mãe, as minhas irmãs
e eu. depois, a minha irmã mais velha
casou-se. depois, a minha irmã mais nova
casou-se. depois, o meu pai morreu. hoje,
na hora de pôr a mesa, somos cinco,
menos a minha irmã mais velha que está
na casa dela, menos a minha irmã mais
nova que está na casa dela, menos o meu
pai, menos a minha mãe viuva. cada um
deles é um lugar vazio nesta mesa onde
como sozinho. mas irão estar sempre aqui.
na hora de pôr a mesa, seremos sempre cinco.
enquanto um de nós estiver vivo, seremos
sempre cinco.

José Luís Peixoto, A Criança em Ruínas
Há uns tempos atrás, em conversa com uma grande amiga minha que perdeu o filho há mais de 10 anos, ela dizia-me que ainda hoje quando perguntam quantos filhos tem, a resposta é igual: 2. Hoje percebo exactamente o que ela quis dizer. Se me perguntarem se tenho irmãos a minha resposta vai ser a mesma de sempre, sim, tenho um irmão.
posted by Patrícia Costa Mateiro

16 fevereiro 2007


O meu último aniversário com o Tio Pedro foi em 2005, quando fiz 28 anos - estava a mãe estava grávida de ti de 7 meses. De manhã tive umas dores de barriga e passei pelo hospital só para ver se estava tudo bem. Diagnosticaram-me uma gastroentrite e acabei por passar o dia todo numa cama de hospital a soro.

Ao final do dia o Tio Pedro passou lá para me dar um beijinho de parabéns. O jantar que eu tinha organizado para esse dia com a família ficou adiado para um almoço no sábado seguinte. O Tio Pedro e a Tia Té ofereceram-me de presente um CD dos The_Gift.


Hoje de manhã ligo o rádio, Comercial às 08H39 e oiço The Gift. Foi um presente, uma prova que ele está sempre comigo. Só assim tem sido possível suportar a dor da sua ausência.


posted by Patrícia Costa Mateiro

09 fevereiro 2007

Recordando 9 Fevereiro 2002

João Maria: a mãe e o pai fazem hoje 5 anos de casamento, é uma data a festejar!

Na altura em que a mãe casou, os avós tinham mudado de casa há pouco tempo e como eu não ia viver lá muito tempo, não contaram com um quarto para mim e eu dormia no quarto do Tio Pedro. Eu passava muito pouco tempo em casa, estava a trabalhar em Lisboa, saía muito cedo e voltava tarde, mas quase todos os dias antes de adormecer falava um bocadinho com o Tio Pedro. De manhã, quando me levantava fazia o menos barulho possível para não o acordar.

No dia do meu casamento levantámo-nos os 2 por volta das 10h, fomos à cidade tomar um café, encontrámos as Bias como é normal encontrar todos os sábados de manhã na cidade e fomos buscar o meu bouquet. De seguida fomos para o cabeleireiro. Eu tinha pedido ao Tio Pedro para me fazer companhia durante toda a manhã e ele assim fez. No cabeleireiro, as primas Zézinha e Nádia fizeram-lhe tudo e mais alguma coisa, ele estava tão nervoso (mais até que eu) que foi deixando, pintaram-lhe o cabelo, puseram-lhe creme na cara, foi só rir! Para mim foi uma manhã muito divertida.

O Tio Pedro estava um bocadinho ansioso, principalmente porque ia fazer uma leitura na missa, mas safou-se lindamente. Estava tão lindo (apesar do cabelo pintado que estava um bocadinho estranho, mas eu disse-lhe sempre que estava muito giro). Na festa tenho a certeza que ele se divertiu imenso, lembro-me que ele ficou na mesa do Quim Zé e ainda foram os 2 acabar a noite no QB.

Nos primeiros dias de casada a mãe às vezes chorava à noite porque sentia muito a falta do Tio Pedro, e o pai ficava um bocadinho assustado. Entretanto, passado pouco tempo de ter casado, mudei de emprego para a Omnitur em Santarém e passei a almoçar todos os dias com o Tio Pedro.

Hoje é um dia de festa para a mãe e para o pai, mas para mim um dia de festa é sempre acompanhado de alguma tristeza, falta-me a presença e o sorriso do Tio Pedro.

Desde que o Tio Pedro morreu nunca mais fui capaz de ver o meu filme de casamento. Quando fores mais crescido vemo-lo juntos.
posted by Patrícia Costa Mateiro

04 fevereiro 2007

João Maria,

Quando escrevi este texto só te tinha visto uma vez ou duas, mas assim que te vi pela primeira vez reconheci logo o sorriso do teu tio Pedro. Eu conheci o Pedro devíamos ter 7 ou 8 anos e andávamos na primária. Desde do início que nos conhecemos criou-se logo uma grande empatia que mais tarde veio a dar numa grande amizade, na melhor amizade que já tive até hoje. O teu tio foi aquele irmão que eu tinha gostado de ter, com quem passei muitos e bons momentos, com quem cresci e vi crescer, com quem passei muitas tropelias, que esteve sempre lá durante muitos anos sempre com um sorriso inconfundível e capaz de dar sempre o melhor apoio possível. Foi com ele que me diverti, que passei momentos importantes da vida e que aprendi muito. Foi o teu tio Pedro que me pôs a alcunha pela qual ainda hoje todos me conhecem e da qual tenho muito orgulho: Bekas. Vai ser sempre uma marca do teu tio em mim; cada vez que me chamam ou que converso com alguém sobre o Pedro é sempre um assunto que recordo e que me traz muito boas recordações e de que me vou sempre lembrar com o maior dos carinhos. Há coisas que não se descrevem e o que guardo no coração do Costinha são umas dessas coisas. O que guardo dele ainda hoje é sem dúvida a melhor das amizades, o sorriso, a capacidade de estar sempre lá para ajudar e aquela alegria de viver que todos deviam ter, além de muitas recordações que se as descrevesse aqui não sei se haveria espaço para tantos e bons momentos. Nos últimos tempos a vida tomou um rumo que me afastou um bocado de Santarém e levou-me a ver menos o teu tio e apenas falávamos esporadicamente, apesar de muitas vezes dar por mim a pensar nele e de como ele estaria, o que acontece ainda hoje… No dia em que a vida nos levou o Pedro encontrei-o à hora de almoço e falámos um pouco, e do facto de nos termos dispersado um bocado e de que devíamos combinar qualquer coisa para matarmos a saudades. Infelizmente nunca mais tivemos essa oportunidade e muita coisa ficou de certeza por dizer. Aceita isto como um conselho João Maria: mantém sempre os teus amigos perto de ti e nunca percas o contacto com aqueles de quem gostas.

Havia de certeza muito mais coisas para te contar sobre o teu tio, sobre aquele amigo que ainda hoje tem um lugar muito especial no meu coração, um lugar dedicado a um irmão… Acredita que o Costinha foi e será sempre uma pessoa muito especial que deixa muitas saudades. Esteja onde estiver, sei que o teu tio está a olhar por ti e pelos teus e espero que um dia te tornes na pessoa maravilhosa que o teu tio era. Por agora fico por aqui e pode ser que um dia volte a escrever aqui e consiga descrever-te melhor o teu tio.

Muitas felicidades e até um dia
Bekas
posted by Bernardo Duarte

Pedro Miguel Beja de Jesus Costa

N 08.04.1983 / F 13.09.2005