14 fevereiro 2017

18 agosto 2016

Pai, só agora?

Em casa com eles o dia todo, ou fora com eles o dia todo, é sempre com muito ansiedade que aguardo pelo final do dia, a hora que o pai chega e que agora com os dias mais pequenos nem sempre é dia. Como já o disse aqui, num Inverno destes tiro a carta de tractor só para trocar alguns fins-de-semana com o pai. Eu no campo. Ele em casa, ou fora, com eles o dia todo.

Quando ouvimos o carro chegar ou sentimos a porta a abrir, sorrimos. Eles normalmente correm para o abraço do pai. Eu fico a observa-los aos 4 e a pensar se não deveria juntar-me também à corrida e em segredo dizer-lhe o quanto gosto dele e o quanto preciso da sua ajuda "descalça-te, vai tomar banho e põe a mesa que eu estou a terminar o jantar". O Zinho chega a casa muitas vezes exausto, a pensar num banho e no sofá mas acredito que também sinta alguma inveja das horas que passo a mais com os filhos dos dois. Zinho, chamo-lhe assim há muitos anos como diminutivo de amorzinho, ui piroseira da boa! mas Zinho ainda é um diminutivo, agora Jinha, como ele me chama a mim, vem de onde? nunca entendi. 

Agricultor produtor de tomate, há 18 dias sem folgas, apenas duas tardes fantásticas no Baleal, fora de casa quase todos os dias mais do dobro do que a lei permite. Eu, de intervalo entre 2 empregos, há 35 dias consecutivos de férias com 3 filhos de 05, 08 e 11, um cão e uma avó que nos ajuda muito. Ah, nestes 35 dias já estive uma tarde sozinha em Lisboa (passadas 2 horas estava farta), e o jantar de aniversário da Joana seguido de um gin num terraço com vista para a cidade menina e moça. Lisboa está uma cidade fantástica, não está?

O pai entra finalmente em casa pela porta da cozinha e ainda antes de a fechar chama por mim e começamos logo a conversar. E eu à medida que lhe vou respondendo sei que o que dizemos um ao outro fica muito além do que ambos estamos a pensar.

Zinho: Jinha, cheguei!
(outra vez com o biquini vestido? que bela vida, eu de botas no campo a apanhar pó e tu em casa na boa vida, haja alguém que use a piscina desta casa)

Eu: Zinhooooooo, até que enfim! Só agora? Deves estar exausto.
(como sabes que estou em casa e não tens de os ir buscar à avó abusas e apareces a estas horas! ou isso ou entraste com o carro devagarinho para eu não te ouvir e tens estado escondido no quintal a usar o nosso wi-fi e a ver o feed de notícias do facebook há mais de meia hora)

Zinho: estou cheio de fome, o que é o jantar?
(em casa o dia todo, com certeza não me vais apresentar outra vez frango assado).

Eu: Está quase! Leva-os contigo para o banho enquanto eu termino o jantar. 
(deves pensar que é fácil decidir 2 refeições por dia e confecciona-las, queres trocar?)

Zinho: OK
(é preciso ter lata, eu que chego a casa a esta hora ainda tenho de lhes dar banho? só falta mandares-me também fazer o jantar)
Como correu o dia? Eles portaram-se bem? O que fizeram?

Eu: Nada de especial. Andámos por aí.
(é melhor não saberes que o Kiki hoje me chamou motherfxxx, não quero parecer queixinhas e sei que o Kiki não fez por mal, ele nem sabe inglês. Para além de que vais logo dizer que a culpa é minha porque os deixo ver youtubers a mais, mas experimenta tu ficar com eles um dia inteiro a ver se não lhes passas logo o tablet para as mãos)

E é basicamente isto. Uma conversa de final de dia que não será muito diferente das conversas de tantas outras famílias mais ou menos parecidas com a nossa. Faltam duas semanas para as minhas férias terminarem e sei que se tudo correr bem, tão cedo não tenho tanto tempo com eles e vou rapidamente ficar com saudades deste mês de Agosto. Agora o que mais quero, para além do início das aulas e de voltar rapidamente a fazer parte da população activa, é que o resto continue tudo como está. Eu com eles, muitas e mais horas. O pai e o Zinho a chegar. Os três a correr para o seu abraço.

Eu a observar. Eu a sorrir com a certeza que isto é muito mais do que alguma vez imaginei.

08 agosto 2016

O Coração da Melancia

Sempre que abro uma melancia lembro-me da mesa da cozinha da D. Eugénia. E com a memória das melancias que vi abrirem-se nessa mesa, vem uma série de outras memórias desse tempo não menos coloridas e saborosas. Recordo a forma como o Hugo e a Sílvia, meus amigos e netos da D. Eugénia disputavam o centro da melancia, ao qual chamavam coração. Acho que nunca mais ouvi ninguém falar no coração da melancia. E chamavam-lhe o coração não por estar ao centro, mas por ser a melhor parte e a mais cobiçada por todos os que sentavam à volta da mesa. E eu que na altura nem gostava muito de melancia, ficava sentada a vê-los saborearem cada dentada e a pensar que todos preferiam o coração por ser mais doce e não ter pevides.

Brinquei tanto na casa da D. Eugénia. Eu morava perto e almoçava depressa para poder ir ter com eles o mais breve possível. Passávamos juntos grande parte das férias de Verão. Eu, a Sílvia, o Hugo, a Lurdes, a Vera, a Beta, a Sofia e tantos outros, não perdi o rasto de quase nenhum, e claro o Tio Pedro. Os irmãos mais novos tinham obrigatoriamente de andar connosco, as mães assim o obrigavam. Nas suas bicicletas mais pequenas tinham de pedalar o dobro para não nos perderem de vista. "Podes ir, mas levas o teu irmão" e eu levava, e pedalava depressa e ele pedalava atrás de mim, e caso deixasse de o ver, disfarçadamente desacelerava e esperava por ele.

Três meses de férias na rua, alguns dias de praia com os pais, e às vezes na praia a convite dos pais dos amigos. Sempre felizes a brincar na rua onde crescemos, em casa dos amigos, dos vizinhos, dos avós dos amigos, dos que tinham piscinas ou tanques. "Ai filha não vás já para a rua, faz aqui uma sestinha com a avó" e a minha avó fechava as janelas todas, a casa ficava escura, fresca e em silêncio e eu escapava me para casa da Sílvia e do Hugo e para o coração da melancia na cozinha da D. Eugénia.

A D. Eugénia vivia numa casa que nas férias de verão recebia três meninos que vinham de Lisboa, e era mesmo assim que lhe achávamos, os meninos de Lisboa, porque nos anos 70/80 os meninos de Lisboa não eram iguais aos meninos da Portela das Padeiras, ou do casal da Besteira (nome que eu sempre detestei). Quer dizer, não eram iguais no dia em que chegavam com as cassetes novas de bandas que nunca tínhamos ouvido falar, mas passados 2 ou 3 dias, e de já termos juntos decorado todas as asneiras das letras dos Peste e Sida, já éramos todos muito iguais. 

Aqui há uns anos em Lisboa, numa reunião de trabalho, encontrei um desses meninos de Lisboa. Encontrei a Marta, com o mesmo sorriso e olhos grandes. E de repente ali estávamos, passados tantos anos, iguais. Iguais nas memórias e iguais ao que éramos e em segundos eu vi nos olhos grandes da Marta o coração da melancia na mesa da cozinha da D. Eugénia, ouvi as cassetes e nós a cantar, cheirei as cestas dos nossos piqueniques, refresquei-me nos banhos do tanque e ri-me com as bolas de água e serradura que atirámos para um muro alto de um vizinho e que o tivemos de limpar no dia a seguir.

Hoje de férias em Agosto, em casa com os meus, o coração da melancia é quase sempre para mim, e enquanto lhes preparo 3 taças e lhes tiro as pevides, penso em todas as memórias doces que guardo da mesa da cozinha da D. Eugénia.

12 maio 2016

Só pode ser muito bom aí chegar. E ficar.

Quero acreditar que o Céu está em festa.
Quero acreditar que os amigos se encontram e se reconhecem no Céu.
Quero acreditar que vamos ter todo o tempo do mundo, ou melhor, toda a eternidade do Céu para pôr as gargalhadas em dia. 
Quero acreditar que a vida e a morte, tal como o Céu e a terra são dos maiores mistérios e que um não existe sem o outro. Nem vida sem morte, nem terra sem Céu. 
Quero acreditar que da mesma forma que se festeja a vida na terra, celebra-se a morte no Céu, ainda que celebração e morte não apareçam por definição na mesma frase.
Quero que acreditem que os familiares e amigos que vos viram partir sentiram saudade desde o primeiro instante e que revejo neles bocadinhos de vós, que com cada um ficou uma peça do puzzle da vossa vida e que um dia todas as peças juntas vão voltar a fazer sentido. 
Quero que acreditem que a vossa partida nos divide a vida em dois, um antes e um depois.
Quero que nos ajudem a aceitar e a continuar.


Quero a ti pedir-te que me faças perder o medo e acreditar que com tantos amigos no Céu só pode ser muito bom aí chegar.
E ficar.

Até já.
Mana


05 maio 2016

Conselhos da Tua Tia


Conselhos da tua tia, mãe (dos teus primos), amiga e ex-universitária (vá! Não foi assim há tanto tempo, foi exatamente há 20 anos! Até vamos ter um almoço comemorativo este ano) para ti, universitária de 1@ viagem:

Telefona à mãe todos os dias
Ao pai e aos avós, menos mas telefona também
Para mim uma mensagem de vez em quando chega, mas sempre antes das 22:00, porque à hora que tu estiveres a jantar já eu estou de pijama a esborrachar o meu sofá e a ver Luanda através da Única Mulher (mentira! Eu vejo o Mar Salgado)
Não abuses do telemóvel! Não o uses nas aulas nem em jantares e lembra te que ficar sem bateria não é o pior do mundo, há coisas bem piores (por exemplo ter bateria mas não ter rede nem saldo)
Convida amigos de fora para virem passar o fim‑de‑semana contigo a casa, vais ter colegas de longe, alguns até das ilhas, que não vão poder ir a casa com a mesma frequência que tu vens
Não venhas todos os fins de semana a casa
Faz amigos novos
Não te esqueças dos antigos
Arranja de vez em quando um trabalho, vai haver coisas onde apenas te vai saber bem gastar o teu dinheiro
Poupa
Faz pelo menos uma viagem por ano
Inscreve te no programa Erasmus (Escolhe um país longe e de preferência com uma cultura diferente da nossa, se puderes vai para fora da Europa)
Convive com os alunos estrangeiros, acolhe os bem e faz programas com eles
Não dividas boleias com ninguém, nem táxis! Nem toda a gente pode saber onde moras, é perigoso (lembras te daquele filme que se passa em Paris? Eu lembro me mas não não me consigo lembrar do nome)
Não faças diretas! Dormir faz muita falta, principalmente a ti
Cuidado com a bebida, principalmente a branca (está mais do que provado que os adultos não precisam de beber leite)
Não adoeças, cuida de ti, mas se adoeceres vai ao médico
Aprende a cozinhar
Não sobrecarregues a tua irmã e não lhe dês preocupações! Faz lhe companhia e divide as tarefas de casa com ela, és uma sortuda por a teres aí contigo
Não abuses do café
Nem da coca cola
Nem de outras coisas terminadas em "ina"
Não abuses das aspas
Fala direto
Protege te a ti e à tua privacidade
Namora
Gosta
Não leves para casa desconhecidos
Nem amimais de rua perdidos, a tua irmã pode ser alérgica
Diverte te
Ri
Chora
Estou aqui! Beijo! Tita
(estuda)
(Escrito para a Tita a 15 setembro 2015, a caminho do seu primeiro ano de estudante fora de casa)

28 abril 2016

Prazo de validade?

Esta semana fui a uma espécie de entrevista de emprego. Digo uma espécie porque na realidade não existia bem uma vaga de emprego e eu mesmo sabendo que não existia ainda assim fui. Há a possibilidade de vir a existir uma vaga de emprego num futuro mais ou menos próximo que poderá vir a ser para alguém com um perfil mais ou menos como eu.

Moveu-me a curiosidade que tinha de conhecer o espaço e principalmente a vontade de voltar a estar no lugar de entrevistada à procura de um emprego por iniciativa minha e não por um convite de alguém que já me conhecia. Deparei-me nesse dia com o facto de estar, numa situação semelhante, pela primeira vez diante de alguém mais novo que eu. A idade dos 40 (e eu ainda nem estou lá) traz-nos a certeza de que a idade conta e conta mesmo quando não conta para nós. Não que tenha contado nesta entrevista ou que tenha sido um fator positivo ou negativo, apenas me deixou a pensar nisso: a idade conta. A data de nascimento é um campo obrigatório em todos os documentos de identificação e sempre que o calendário repete essa data somamos um ano aos que já temos: a idade conta e não o digo num sentido pejorativo.

Os anos pesam em medidas diferentes para os que estão abaixo ou acima de nós. Até uma certa idade conhecemos muito mais pessoas mais velhas e a partir de determinada altura começamos a conhecer muito mais pessoas mais novas e esse marco deve estar mesmo muito próximo dos dígitos quatro e  zero, por esta ordem assim ao lado um do outro sem qualquer espaço entre si. À semelhança de um bem consumível tudo à nossa volta parece querer impor-nos um prazo de validade para cada passo que damos: sair, beber, fumar, namorar, casar, ter o 1º filho, o 2º, o 3º e por aí em diante. Haverá limites para um número de filhos a partir do qual deixam de nos perguntar pelo próximo? Acredito que a partir de uma certa idade deixem de perguntar. Ou quando comentamos que temos um familiar doente e nos preparam com sentenças de morte anunciadas, como se a morte precisasse da idade para se anunciar, que é melhor prepararmo-nos porque nessa idade não se esperam outras melhoras.

De tudo o que a idade me traz e leva, lembra e faz por esquecer, segura e desequilibra, tenho a comunicar-lhe que tenciono fazer tudo aquilo a que me proponho sem lhe pedir autorização e talvez até sem apresentar documento de identificação.

O tempo não pára, diz a Mariza numa canção que eu não gosto, mas em dias como o de hoje adoro relembrar a surpresa deste dueto num concerto do Rui Veloso que eu tive a sorte de presenciar. Oiçam-nos aqui.

10 dezembro 2015

H2(dois)otel

Foi aqui que parámos os 2 dias que roubámos ao calendário. Foram apenas 2 dias, a cerca de 2 horas de casa, passados a 2. Entre os dias que corremos e os que deixamos tanto por fazer, guardámos 2 só para nós.

Na ida parámos em Castelo Branco para almoçar. Recorremos à melhor ferramenta de trip advisor que conheço, ligámos a uma amiga para nos aconselhar um restaurante e fomos conhecer o Espeto. Um buffet muito rico e variado e com um preço muito acessível. A seguir ao almoço e já embalados por um bom tinto alentejano rumámos a Unhais da Serra, uma localidade com pouco mais de 1000 habitantes e onde se situa o H2otel. À chegada ao destino aguardavam-nos 2 massagens anti stress, não que trouxéssemos muito, mas quisemos deixa-lo todo à chegada.

Já no quarto, uma suite com uma vista fantástica para a montanha, reparámos que aqui caberiam confortavelmente mais 3, mas nesta noite seria ocupada apenas por 2. Foram 2 dias em que nos despimos e vestimos apenas aos 2 (e agora que estão todos a comentar que é desta vez que vem a menina, quero apenas adiantar que o H2otel tem um SPA fantástico com um circuito termal e uma lista infindável de tratamentos e é frequente cruzarmo-nos nos corredores e na sala de pequeno almoço com hóspedes em robe, isto tudo para dizer que toda a gente neste hotel se veste e despe com relativa frequência).

Jantámos no hotel. O hotel é mesmo bom e em apenas 2 dias tínhamos de o aproveitar ao máximo. O restaurante tem 2 opções possíveis: buffet e à la carte. Optámos pelo buffet. Atendimento do restaurante e comida, ambos dignos das 4* superior.

No dia 2 fomos em direção ao Piodão, numa estrada estreita roubada à montanha, com uma paisagem de cortar a respiração. Almoçámos no Restaurante Piodão XXI. Depois de almoço houve ainda tempo de passear pelas ruas inclinadas entre as casas da aldeia do Piodão, todas elas com portas azuis e de visitar o Posto de Turismo e o Museu. A tarde foi para regressar a casa onde os 2 nos juntámos aos nossos 3. Mostrámos as fotos e prometemos voltar os 5. Na despedida de Unhais trouxemos a certeza de voltar em breve, mas na próxima com mais. Os 2 mais 3 e mais dias.  

Suite com jacuzzi
Piscina Interior
A Caminho do Piodão

Vista da Suite

Os Dois

A Caminho de Piodão

Aldeia de Piodão

Aldeia de Piodão

Aldeia de Piodão

Aldeia de Piodão





01 dezembro 2015

O Amor como Escolha


Esta semana chegou-me uma partilha daquelas que é impossível ficar indiferente. Um professor recebeu um recado na caderneta de um aluno com um pedido de desculpas de uma mãe que assina "Uma Mãe Despedaçada", só a assinatura é suficiente para me deixar também a mim, em pedaços.
Nesse recado, escrito à mão com uma letra rapidamente desenhada, a mãe em pedaços, pede desculpa pelas faltas do filho, mas o motivo é porque ela não tem dinheiro para o transporte todos os dias, e alguns desses dias nem para transporte nem para pôr comida na mesa.
O professor teve no momento em que leu este recado 2 escolhas possíveis, como em tudo, a vida dá-nos sempre pelo menos 2 opções. Podia ter lido, ter ficado triste e ter ignorado. No entanto escolheu mudar o rumo da história e foi mais além. Leu, ficou triste, indignou-se, partilhou e mudou o rumo daquela família.
Está a acontecer neste momento uma onda de solidariedade em volta desta família. Os que estão perto estão a ajudar com bens, os que estão longe estão a colocar em caixas de correio um pouco por todo o país cartões carregáveis (lojas de roupa, livros, hipermercados).
Todos os anos me custa muito entrar no espírito do Natal. Custa-me desde a montagem da árvore até à lista dos presentes e à compra dos mesmos. Sei que a dificuldade da compra dos presentes se prende com o facto de estar a comprar presentes para quem tem tudo, e daí a dificuldade na escolha dos mesmos.
Para mim, o Natal este ano começou assim. Com o Amor como Escolha na atitude deste professor, porque sei que quem dá, o faz com Amor. Com a profissão que tem tenho a certeza que diariamente inspira muita gente e que o seu exemplo não será esquecido. Obrigada.


30 outubro 2015

São flores, mas não deviam ser

São flores que a mãe me pediu para apanhar do meu jardim e não devia ter pedido. São camélias e estrelicias que o Pedro apanhou de manhã e não devia ter apanhado. São flores que a mãe vai levar amanhã ao cemitério e não devia levar. São do meu jardim para ti, mas não deviam ser.

São dias que não deviam existir sem ti.

Os amigos dizem que aqueles que nós gostamos nunca partem, que estão sempre connosco e que tu estás sempre comigo. Mas não estás. Não jantaste comigo ontem, não almoçaste comigo hoje e não preciso de guardar lugar para ti na mesa deste Natal porque sei que não vais estar. 

E quando me perguntam como aguento, encolho os ombros e respondo, há dias que não.

23 outubro 2015

Bom FS

Sábado. Estamos em casa os dois de pijama, com riscas e quadrados que não combinam. A cama está desarrumada. Em cima do armário no corredor está roupa passada à espera de ser arrumada. O Zé tem restos de tinta branca no cabelo, pintou-o ontem em casa da avó. Aprendeu agora que se entregar o comando da televisão à avó e a deixar ver o Preço Certo, consegue ter mais mobilidade para mexer em tudo o que existe no quintal da avó. E as casas e os quintais das avós estão sempre carregados de surpresas. Ontem foi sexta, dia dos manos terem treino e de chegarmos a casa a tarde e más horas. O Zé adormeceu no sofá sem jantar, sem tomar banho e com a tinta no cabelo. 

Esta pode não ser a nossa melhor fotografia, mas eu adoro-a por tudo o que ela representa para mim. Por isso partilho aqui este momento de felicidade convosco. Bom FS. Hoje já é sexta-feira.  

18 setembro 2015

Novo Ano 2015/2016


Três vivas para dar as boas vindas a tudo o que se aproxima de bom e menos bom. Abrimos a porta ao cheiro dos cadernos novos e às mãos com pingos de tinta e salpicos de leite com chocolate. Misturamos os horários com o recreio e agradecemos a disponibilidade das duas avós queridas, o que seria de nós sem elas e sem as torradas ao lanche com manteiga e doce. Dormimos à pressa e levantamo-nos a correr. Passamos menos tempo juntos mas voltamos à história na cama todos os dias. Colamos os convites para as festas de aniversário no frigorífico e limpamos a relva das chuteiras para os torneios de fim de semana. Dias mais pequenos. 
Trabalhos maiores. 
Três filhos, três anos, três turmas, três amores

15 abril 2015

O Dia dos Teus Anos


Foto: Há 32 anos atrás. 

Já foi no dia 8 de Abril, não penses que me esqueci. Escrevi este post mentalmente enquanto estava na missa pelo teu 32º aniversário. Fui pondo na cabeça umas ideias para te escrever ainda no dia dos anos. Liguei o computador mal cheguei a casa mas quando consegui finalmente sentar-me, depois de banhos e jantares, o  teclado já estava ocupado. Um a jogar e dois em fila indiana, atrás à espera. Como se o computador não fosse meu pedi-lhes com jeitinho "a mãe precisa de fazer uma coisa". Saíram a refilar mas continuaram em fila indiana, agora 3, alinhados atrás de mim. O João Maria já sabe ler muito bem, está no 4º ano, fez ontem dez anos. Imagina, 10! Acho sempre que sou uma miúda ao pé das outras mães que vão às reuniões da escola, mas já não sou. O João Maria já fez ontem 10 anos! Sou mãe de um pré adolescente e já pinto o cabelo pelo menos de 2 em 2 meses. Com eles a tentar ler o que eu queria escrever, não tive coragem de o fazer. Já me tinham visto a chorar na missa, abraçaram-me e deram-me beijinhos, ficaram aflitos sem saber como me animar.

Penso muitas vezes nas palavras sábias do Sr. Padre Campos: "Aquilo que peço mais vezes a Deus é, que aumente a minha Fé". Estas palavras ditas por ele têm tanto significado. Realmente só quem não acredita nunca duvidou. Não é fácil ver Deus na perda de alguém querido, nem sempre encontro Deus no meu sofrimento egoísta. Tornei-me egoísta com a falta que me fazes, é uma dor tão minha que me parece impossível de a partilhar com alguém.

Todos os dias custa, mas o dia do teu aniversário custa mesmo muito. Irra! Custa tanto! A ferida começa a doer uns dias antes, como que um reumático a "adivinhar chuva", naqueles que seriam os dias a escolher o teu presente, surgem as lembranças de aniversários passados. E depois vem a missa, a missa pelo 32º aniversário. Na hora que seria suposto estarmos a sentar à mesa para festejar mais um aniversário, estamos na missa, ora de pé, ora sentados, a ouvir o Sr. Padre dizer o teu nome seguido de mais dois ou três cujos familiares também quiseram mandar rezar missa.

A tua missa hoje teve coro, num dia de semana não costuma ter. Mas hoje teve, um grupo de peregrinos que iam a pé para Fátima e passaram por Santarém. Cantaram uma das minhas musicas preferidas e cantaram-na para mim. Sei que a cantaram de propósito para mim, porque encontrei Deus, nesse dia, na missa do dia dos teus anos e senti que no meio dos abraços dos teus sobrinhos me disse baixinho: Estou aqui.

Entrega
Sei Senhor que na vida
nem sempre temos tudo
tudo dado...
Por isso aqui estou
pronto para ser
ser ajudado...

Senhor a Ti me entrego
com todo o coração
eu nunca fui tão sincero
não sei mais o que fazer
sem Ti eu não sei viver
ouve a minha oração
Senhor dá-me a Tua mão

Sei Senhor que não posso
ter tudo o que quero
ou que gosto
por isso peço-Te a Ti
que me leves sempre
sempre conTigo

Senhor a Ti me entrego
com todo o coração
eu nunca fui tão sincero
não sei mais o que fazer
sem Ti eu não sei viver
ouve a minha oração
Senhor dá-me a Tua mão

03 setembro 2014

Sinto Falta de Te Chorar


Até me considero uma pessoa de choro fácil. Choro com um bom livro, a ver um filme, às vezes até com vídeos de bebes no youtube. Mas sinto falta de te chorar. Choro-te pouco. Não chorei no dia do teu funeral. Lembro-me de tudo nesse dia. Lembro-me de todos os que estiveram ao meu lado, os que vieram de longe, os que estiveram sempre por perto. Lembro-me de tudo e lembro-me que não te chorei. Distribuíram-se cartões com uma fotografia tua. Com o teu melhor sorriso, uma foto do dia em que nasceu o João Maria. Fui eu que escolhi a tua fotografia. O texto no cartão também fui eu que o escrevi. Fui eu que distribuí os cartões quase todos. Não aceitei muito bem que chorassem no teu funeral. Com que direito te choravam não estando eu a chorar? Escolhi o teu melhor sorriso para que todos guardassem essa recordação. Gostava de ter visto todos a sorrirem-te de volta, em forma de agradecimento por te terem conhecido. Houve coro na missa. Cantou-se no teu funeral. Leram-se orações em teu nome. Devias-me ter visto. Eu a ler no teu funeral, sem chorar. Também li na missa de 7º dia. E na missa de 1º mês.

Acredito mesmo que o céu existe. Não penso muito nisso mas sei que é onde estás e só por isso já é um lugar bom. Quando morre alguém teu conhecido imagino o vosso reencontro. Um abraço no céu. Morreu a prima Graça. Não sei se te lembras dela, mas em oração pedi-te que a recebesses de braços abertos. Ajudou-te a nascer e dizia-me muitas vezes "o teu irmão nasceu muito grande, com quase 4kg". A seguir ficava a olhar-me em silêncio, sem saber se tinha feito bem em falar-me no meu irmão. As pessoas à minha volta ficaram muito tempo sem utilizar as palavras "morte", "morreu". Algumas frases ficavam a meio "isso foi antes do teu irmão (silêncio)" "isso aconteceu depois do acidente do teu irmão". Tive muitas vezes vontade de gritar ao mundo: o meu irmão morreu. Não está mais aqui comigo. Nunca o fiz. Na verdade a mim também me custava muito dizê-lo. Ainda custa.

Chorei muito na missa da prima Graça, chorei compulsivamente. Os funerais são ótimos sítios para se chorar. Ninguém estranha. Ninguém nos pergunta o que se passa. A certa altura apeteceu-me ter uma placa comigo a dizer "estou a chorar também pelo meu irmão". Chorei também pela dor dos familiares mais próximos, porque sei exatamente aquilo que vão passar nos dias que se seguem ao funeral. Aprender a viver. Aprender a viver sem a presença de algúem que gostamos muito, que faz parte de nós, que faz parte da nossa vida e da forma como sempre a vivemos. Aprender que o tempo ajuda-nos a aceitar mas as saudades aumentam.
 
Quase 9 anos sem te ver. Mais de três mil dias de mim sem ti. Foram tão poucos os dias que te chorei, mas não houve um só que não me lembrasse de ti, e daquilo que éramos um com o outro. Fazes-me falta. Vejo nos teus sobrinhos bocadinhos de ti. O João Maria tem o teu feitio, o Pedrinho o teu sorriso, o Zé Maria por enquanto tem as tuas birras. Tão bom rever-te neles. A mãe e o pai também procuram neles muitas semelhanças contigo.

Estou diferente. Estou mais velha. Passaram 9 anos. Como vai ser quando nos reencontrarmos? Os anos também passam no céu?

28 abril 2014

Afinal, amanha devia ser sábado

Chegou o bom tempo. O pai trabalha mais. Todos os anos, olhando para as horas que a agricultura nos rouba nestes meses quentes, penso "vamos ficar ricos". Mas ainda não vai ser este ano. Nestes três dias de descanso só vimos o pai ao almoço e ao jantar. É bom estar com eles mas também é tão cansativo. No sábado fomos ao cinema, pensei que ia dormir uma sesta. Enganei-me. Pipocas, agua, casa de banho, pipocas. Portaram-se mal. Achei que não devia ralhar. Continuaram a portar-se mal até à hora do jantar. Só acalmaram com o banho e com a chegada do pai. Domingo, maratona de festas de anos. Vestir, pôr no carro, comprar presentes, tirar do carro, pôr no carro. Só um se está a portar mal. Uma festa na Azoia. Outra na Chamusca. O pai está no campo. Este inverno tiro a carta de trator, para poder trocar alguns fins‑de‑semana com ele. Amanha é segunda. Que bom!
 
Às vezes penso que devia ter outro filho. Sou boa nisto. Sou feliz no meio do cansaço e da confusão deles. Portam-se mal. São meigos. São meus. São lindos. São também teus. Três sobrinhos.
Domingo, 22:00. Chegamos a casa. O bebe ZM dorme. Os outros estão zombies.
Afinal, amanha devia ser sábado.

19 dezembro 2013

Lista Prendas Natal

Sempre que faço a lista das prendas de Natal sinto uma tristeza enorme, faz falta um nome naquela lista e faz tanta falta. Faz falta o ano inteiro mas a lista das prendas e mais tarde os lugares na mesa da ceia de Natal lembram-me com muita crueldade a falta que faz. Faz-me falta. Não vou ao cemitério, não consigo. Sinto falta de chorar. Sempre que falo do meu irmão há sempre quem me abrace e me limpe as lágrimas e eu sinto falta de chorar.
Tento nesta altura agarrar me às boas memórias, mas já passaram 8 anos e as lembranças deixam de ter a clareza que tiveram no início. Ainda me lembro do seu toque, mas já não tenho a certeza do seu cheiro. Trocava todas as prendas de Natal por um abraço.
A vida continua a dar-me tanta coisa boa todos os dias e agradeço a Deus tudo o que tenho comigo, até as memórias.
Este ano trocava todo o Natal por um abraço.

25 janeiro 2011

Este blog vai levar-nos à TVI

A internet é assim... e quem escreve um blog, muitas vezes nem se lembra que o está a fazer para muita gente.
alguém o leu, gostou e surgiu o convite: Partilhar a história do Tio Pedro!

13 setembro 2009

Missa pelo 4º ano de falecimento


PEDRO MIGUEL BEJA DE JESUS COSTA
Nasc. 08.04.1983 Falec: 13.09.2005
Missa pelo 4º ano de falecimento

Seus pais e irmã, participam que será celebrada missa pelo 4º ano de falecimento, dia 14 de Setembro, na Igreja de S. Nicolau, em Santarém, às 19 horas. Agradecemos a todas as pessoas que participarem neste piedoso acto.

03 abril 2009

Missa pelo 26º aniversário

PEDRO MIGUEL BEJA DE JESUS COSTA
Nasc. 08.04.1983 Falec: 13.09.2005
Missa pelo 26º aniversário
SANTARÉM

Seus pais e irmã, participam que será celebrada missa pelo 26º Aniversário, dia 8 de Abril,na Igreja de S. Nicolau, em Santarém, às 19 horas. Agradecemos a todas as pessoas que participarem neste piedoso acto.

10 março 2009

António Lobo Antunes - Descompustura ao meu amigo lá de cima


António Lobo Antunes
Descompustura ao meu amigo lá de cima

Deus, estou zangado contigo. Suponho que já Te habituaste às minhas zangas como Te habituaste às minhas dúvidas, aos meus afastamentos, aos meus regressos a fingir que não venho, aos momentos de harmonia que de vez em quando existem entre nós, à minha incompreensão de tanta coisa que fazes ou não fazes, aos meus ralhetes, aos meus amuos, ao que considero as Tuas injustiças, a Tua crueldade e se calhar não é injustiça, se calhar não é crueldade, sou parvo, não ligues, não consigo entender as Tuas profundezas e os Teus caminhos, o significado dos Teus gestos. Só que ultimamente tens exagerado: o ano ainda mal começou e já desataste a despovoar o mundo à minha roda, eu que nunca fui próximo de muita gente, bicho do mato a fechar-me, a fechar-me. Começaste pelo Zé Manel Rodrigues da Silva, não sei se Te lembras dele, era jornalista, morava na Rua Azedo Gneco, usava óculos, acho que Te lembras porque se vestia de uma maneira única, fumava cachimbo, tinha brinquedos em casa, bebia chá, os olhos desapareciam a sorrir, era muito generoso e muito bom, usava cabelo comprido com risca ao meio, barba, um anel de prata no mindinho, houve uma altura em que fumou cigarros de mortalha, se procurares achas fotografias da gente os dois no Teu arquivo. Tiraste o Zé Manel sem razão, não fazia mal a ninguém, fez bem a muitas pessoas a começar por mim que estou aqui a jeito
(estou sempre aqui a jeito)
segurava os óculos com um fio. O Zé Manel, desculpa lá, não perdoo, quer dizer não digo que daqui a uns tempos não perdoe mas para já não perdoo. E a seguir, pumba, a Tereza. Dessa recordas-Te, não mintas, foi a semana passada, perdão, o funeral foi domingo passado, fresco ainda, não franzas a testa a pensar, não Te escapes, é impossível que não Te recordes, a mulher do Rui, a mãe do Henrique e da Sara, pertencíamos à mesma editora, a Tereza tomava conta de mim, foste tão duro para ela nos últimos tempos e a Tereza sempre corajosa, digna, sem uma queixa. E depois do coiso no cérebro de que ela se estava a levantar com uma força de vontade que nunca vi amandas-lhe uma gripe, uma pneumonia, cuidados intensivos, os orgãos a desistirem um a um, a inabalável esperança do Rui e o seu imenso amor, nós ambos ao pé da Tereza, toda ligada aos tubos, a inabalável esperança do Rui e a minha nula esperança, durou mais ou menos durante quinze dias
(mais de quinze dias)
o Rui acreditava, eu não acreditava e infelizmente a razão do meu lado, sempre me maçou ter razão, bendigo algumas das minhas asneiras, das minhas imprudências, das minhas tolices. Só ando certo ao escrever, no resto acho-me sinceramente
(e não consegues desmentir)
um palerma, no que diz respeito à vida prática eis o campeão dos azelhas, um desastrado Quixote interior. Bom, mas isso não interessa, interessa a Tereza, Tereza com z, não com s, não me desvies a esferográfica. Na missa de corpo presente comoveram-me as lágrimas do padre, mais junto de Ti e mais conhecedor das Tuas razões do que eu. Estaria zangado também, o padre? Ou aceitava? Senhor padre, entre nós que eu não conto a ninguém, estava zangado ou aceitava? No dia em que a Tereza morreu fui a casa deles, ainda o Rui não tinha dito aos filhos que lhes levaras a mãe
- Venha ver o sítio onde a Tereza lia os seus livros
um apartamento muito bonito, cheio de luz, cheio de vida, feito à justinha para as pessoas serem felizes, os livros, os quadros, os móveis. E depois a elegância de sentimentos do Rui, a elegância na dor, a mais rara de todas. A inveja de uma família assim, as irmãs, os pais, o
(não é piegas nem exagerado)
amor deles, a infinita delicadeza, a discrição de uma imensa ternura. E na volta, Deus, vens lá de cima fazer isto? Com que direito? Porquê? Explica-Te, mereço, no mínimo, uma justificação. Há coisas que doem, no caso de andares distraído: o anel da Tereza no dedo do Rui, o beijo que deu no anel, os pobres beijos que lhe dei a ele e não serviam de nada. Rui, eu gosto muito de si. Deus, neste momento não gosto nada de Ti. A Tereza queria tanto viver. Palavras suas
- Quero muito viver
ela sentada à minha frente, do outro lado da mesa onde escrevo, neste lugar cheio de lixo e tão sujo onde eu, obsessivamente meticuloso, me sinto, pasme-se, bem.
- Quero muito viver
dizia a Tereza
- Quero muito viver
depois de falarmos de trabalho e disto e daquilo, o que fizemos, o que íamos fazer. Que mulher tão forte a Tereza, Rui, que Mulher, apenas. O Rui
- Lembra-se da nossa viagem à América?
há pouco tempo, contentes. Contentes em Nova Iorque, Rui, em Washington. Em Boston roubei à descarada uma primeira edição do último Conrad, que o autor deixou incompleto. À Tereza e ao Rui quem os completa a partir de domingo, Deus? E agora um aviso solene, uma ameaça, uma ordem: livra-Te de tornares a meter-Te com a família do Rui. Ouviste bem? Livra-Te de tornares a meter-Te com a família do Rui porque, se o fizeres, vais ter-me à perna a Eternidade inteira e não sou um osso fácil de roer.

08 abril 2008

8 de Abril de 2008

Meu querido mano: queria lembrar-me deste dia com alegria, porque foi o dia em que nasceste e passaste a fazer parte da minha vida para SEMPRE
.... não tenho escrito nada no blog... porque não consigo...
um grande amigo meu enviou-me agora este vídeo e como ele mesmo disse: "quando ouvi esta musica, lembrei-me das pessoas de quem gosto"

Sara Tavares - Longe Do Mundo

08 fevereiro 2008

Eu não consigo ver mãe



João Maria: oh mãe, o Tio Pedro está no Céu?
Mãe: sim filho
JM: no ar, mãe?
M: não filho, está no Céu
JM: oh mãe, eu não consigo ver
M: pois não filho, mas ele vê-te a ti e à mãe e também vai ver o mano quando ele nascer
JM: oh mãe, o tio pedro é teu namorado?
M: não filho, é o meu mano
JM: ah... não sabia

03 novembro 2007

João Maria e Pedro Miguel,
ontem foi um dia particularmente dificil, um dia dificil pela saudade que traz... Estive com a vossa avó Lena e apesar de gostar de a ver relativamente bem, deixou-me muita saudade dos tempos em que a via regularmente. Vi também que com ela acompanha-a sempre uma fotografia do vosso tio. Ja não a via há muito e siginificou muito aqueles dez minutos que tive com ela, ao ver a cara de felicidade por ir ter um neto com o nome do Costinha. Ao mesmo tempo que a saudade aperta-me o coração fico contente pelo facto de tu, João Maria teres escolhido o nome do teu mano para Pedro Miguel. Agora tenho a certeza vocês os dois vão ser duas pessoas espetaculares com o melhor que pode haver pra dar.
Sinto muitas saudeades do vosso tio mas também me sinto contente pelo reencontro com a vossa mãe e com a vossa avó, que já há muito que não via e que sempre me deixou saudades pelo carinho que sempre me deu. Faz-me lembrar aquelas tardes que passávamos em casa do vosso tio no computador ou de volta da música ou simplesmente a falar, em que a vossa avó aparecia sempre a saber se estava tudo bem pronta pra estar conosco.
Sinto muita a falta do meu “mano”, como eu gosto de lhe chamar e como o vou sempre considerar, sinto falta dessas tardes e da companhia dele e de saber que ele anda simplesmente por aí apesar de não tar com ele mas de o poder encontrar e dar-lhe aquele abraço. O pensamente nele está sempre comigo e não passa um dia que não me lembre do vosso tio, não fosse ele o meu grande amigo que me marcou pra sempre, mas agora também que me vou lembrar dele vou me lembrar de vocês e daquilo que vocês significariam pra o Pedro.
Aprendam neste dia a não o recordar com tristeza, mas sim a recordar e conhecer o vosso tio e a pessoa espetacular que ele foi e continua a ser nos nossos corações.
Já lá vai mais um ano “mano” e a saudade continua a apertar.
Vou sempre recordar a nossa amizade Costinha.
posted by Bekas
Bernardo Duarte

20 setembro 2007

Querido João Maria: vais ter o melhor presente de todos: um MANO

Mariana S&S: João Maria, vais ter um mano?
João Maria: xiiiim
Mariana S&S: E como é que se vai chamar o mano?
João Maria: maaaaanooooooo
Mariana S&S: Mas que nome queres dar ao mano?
João Maria: Pedro
Mariana S&S: Pedro quê?
João Maria: Pedro Miguel.
E assim será. O mano há-de nascer em Fevereiro, o mês da mãe e vai ter o nome do Tio: Pedro Miguel.
posted by Patrícia Costa Mateiro

13 Setembro 2005

Faz hoje 2 anos que, na minha rotina habitual, cheguei ao escritório pelas 09h30, comecei a ler os mails e não passei do primeiro. Não queria acreditar no que lia: "o meu irmão faleceu num desastre de mota, preciso de um favor teu".
Assim foi, este gelo que agora mesmo estou a sentir, os arrepios também chegaram, os olhos ficaram cheios de lágrimas, o coração ficou pequenino, as mãos e pernas tremiam, enfim - pensei: Será que é mesmo verdade? Vou ler outra vez! Não é possível! Não havia nada a fazer se não aceitar a dura realidade. Porquê o Pedro? Porquê Porquê?
Querido João Maria, por vezes escrevo algumas coisas sobre o tio Pedro, não com a intenção de dramatizar a situação mas sim porque realmente foi um acontecimento brutal que não me passou ao lado. Quase todos os dias, quando vou para o trabalho, me lembro do tio Pedro, da maneira como ele levava a vida, do sorriso, da alegria e do jovem simples que foi. E é isto que fica!
Raramente fico triste, antes pelo contrário, fico muito feliz pelo facto de o ter conhecido.
posted by Mariana Mendia

14 setembro 2007

As Missas

Temos assinalado sempre as datas relacionadas com o Tio Pedro com a celebração de uma missa, primeiro de meses, depois de aniversário de nascimento, aniversário de falecimento e a próxima será com certeza outra de aniversário de nascimento a 8 de Abril do próximo ano.
Por mais que me esforce, e católica que sou, nunca encontro nada do Tio Pedro nessas missas a não ser as caras conhecidas que aparecem para nos dar algum conforto. Confesso até que sinto uma enorme revolta e o momento em que oiço o nome do meu irmão dito por um padre que não sabe nada sobre ele é muito doloroso, e é sempre seguido pelas lágrimas da minha mãe e do meu pai.
No final da missa cumprimentamo-nos à porta, perguntamos por novidades (agora é a minha barriga a crescer e as gracinhas do João Maria), conversamos um bocadinho, separamo-nos mediante o sítio em que cada um estacionou o carro e voltamos às nossas vidas.
Apesar de tudo, vamos continuar a celebrar missas pelo Tio Pedro, nem que seja pelos minutos de conversa à porta da igreja com amigos e familiares.
Obrigada aos que apareceram e aos que de alguma outra forma estiveram comigo.
posted by Patrícia Costa Mateiro

11 setembro 2007

31 agosto 2007

30 de Agosto - Mariza no Castelo de Óbidos


Hoje de manhã foi engraçado… é curioso este mail de agora a dizer que foste ouvir a Mariza. Vinha no carro a ouvir “Chuva” e claro, lembrei-me imenso do Pedro, de ti e da Té. A entrada dele na porta da Omnitur, os almoços, as trocas de carros, as boleias… Ainda deitei uma lagrimucha, recordei o sorriso e presença tão simpática! Era bom estar com ele!

Não era meu irmão mas também tenho saudades!

Hoje vai um beijinho especial cheio de boas recordações,
Mariana


Minha querida Mariana: a Mariza fez ontem uma interpretação de "Chuva" GENIAL. Para mim, e para a Té que estava comigo, embora não tenhamos comentado nada uma com a outra - foi um momento alto do concerto. Essa música está para sempre associada à imagem do meu irmão.


Lembro-me dele sempre, mas à hora de almoço mais, lembro-me muitas vezes, como tu referes, dele a entrar pela Omnitur SEMPRE A RIR "então? onde é que vamos almoçar?".

Lembro-me de estarmos sempre a falar em ir à Taverna ou ao Quinzena comer o bacalhau assado com magusto, que ele adorava, e quase sempre lembrava-mos no dia errado... e nem sei se chegámos a comer esse petisco os 3.

Lembro-me de nos últimos dias do mês irmos aos hamburgers baratos do shopping que e de nos saberem tão bem.


Os primeiros dias foram realmente muito difíceis! Voltar ao trabalho, depois de 5 meses em casa com o João Maria, e sem a companhia do meu querido mano...


Hoje, passados quase 2 anos, ainda me pergunto muitas vezes e sempre sem resposta "como é que isto foi acontecer? a ele, a mim, aos meus pais, à Té?"


Tenho tempo e não vou ao cemitério. Tenho histórias para contar e não as escrevo no blog. Morro de saudades e não consigo chorar.


A Mariza ontem e a tua mensagem hoje fizeram-me chorar e rir. E vai ser sempre assim toda a minha vida. Sempre que me lembro do Tio Pedro, choro e rio.


posted by Patrícia Costa Mateiro

19 junho 2007

Da Weasel



Ontem fomos ver o concerto dos Da Weasel a Almeirim, a digressão do album Amor, Escarnio e Mal Dizer.
O João Maria adorou metade do concerto, a outra metade dormiu.
O album Re-Definições que saiu em 2004 foi o último presente de Natal que a Tia Té deu ao Tio Pedro (Dez 04). Oiço muitas vezes o CD e o João Maria já tenta cantar a Nina.


posted by Patrícia Costa Mateiro

10 maio 2007

Quero é Viver

Hoje fui almoçar a casa da Tia Té, já não estava com ela há alguns dias. Fez um almoço óptimo: arroz de peixe com ameijoas. Salpiquei-me toda a comer e tive de subir ao quarto dela para trocar de t-shirt.


Entre muitas outras, encontrei esta foto do Tio Pedro que eu nunca tinha visto. Foi tirada na costa alentejana, no Verão de 2003. Estão os 4 tão felizes! Que saudades de ver o Tio Pedro sorrir assim, de lhe falar, de o abraçar.


Pedi a foto à Tia Té para fazer uma cópia para mim e guardei-a na carteira. Esta tarde olhei para ela uma série de vezes, como se procurasse uma resposta. Não é fácil para o comum dos mortais aceitar ou compreender como é que alguém com tanta alegria de viver perde a vida tão cedo. Tem de haver um motivo, tem de existir algo mais...


Vou viver até quando eu não sei
que me importa o que serei
quero é viver
Amanhã, espero sempre um amanhã
e acredito que será mais um prazer
e a vida é sempre uma curiosidade
que me desperta com a idade
interessa-me o que está para vir
a vida em mim é sempre uma certeza
que nasce da minha riqueza
do meu prazer em descobrir
encontrar, renovar, vou fugir ou repetir

Humanos - Quero é Viver
posted by Patrícia Costa Mateiro


04 maio 2007

Cara Patrícia

Passei pelo seu blog por mero acaso e não pude deixar de lhe dar uma nota.
Afinal, eu sou (era) o Comandante a quem Pedro iria tirar o lugar !
Fui seu formador na preparação para a promoção a bombeiro de 3ª classe e acredite que, assim a vida tivesse deixado, o Pedro era um forte candidato a chegar muito longe na carreira.

Para além de partilhar a certeza da pessoa que o Pedro era/é gostava de lhe dizer que a memória dele vai-me ficar para sempre gravada.
Por múltiplas razões vários foram os Homens que morreram na mesma altura em que eu os comandava. Mas o Pedro foi uma dor excepcional.

Por mero acaso tínhamo-nos encontrado no fim-de-semana anterior ao acidente em Valada. Ele estava com amigos, mas perante a minha necessidade de ajuda numa pequena reparação da minha pequena embarcação à vela, ficou comigo. “Se lhe desse uma boleia para Santarém”…(como se isso estivesse em causa!)
Pelo caminho falámos de coisas banais mas logo ali ficou combinada uma experiência de navegação à vela.

Quando o telefone tocou para me alertar do que tinha acontecido, custou-me a acreditar no que estava a ouvir : “…Vem depressa que o pessoal está destroçado e eu acho que és preciso aqui…”. Ainda protestei, incrédulo : “…mas eu acabei de estar com ele..:”
Mas como sempre que o telefone toca, tal como o do Pedro tocava quando era preciso, a realidade dura e crua, chamava…
Cerca de 20 minutos antes, saudáramo-nos junto ao Hospital Velho, com o Pedro a gritar na janela do carro : “Então, no Sábado vamos dar uma volta à vela ?” – “Como combinado”, respondi eu.

Foi um dos mais desesperantes acidentes de toda a minha vida: Queria pensar e tinha dificuldade; A maioria dos bombeiros estava de rastos e com dificuldade em reagir; Os habituais mirones, sedentos, estavam a postos e protestavam porque nós tínhamos tapado todo o incidente com lonas. A privacidade de e para com um camarada nosso impôs-se nesse dia. Queríamos todos que aquilo não estivesse a acontecer !
E doía-nos a todos. Não consigo deixar de pensar numa expressão que um camarada, que sempre foi muito duro nestas coisas, repetia, num “gesto” de ternura que raramente se lhe via : “Ah, puto, puto !“
Acabámos por ficar 3 que, dolorosamente, nos arrastámos para acabar a nossa missão. Já enviara para o quartel a maioria do pessoal que estava em choque…

Estávamos preocupados com os pais do Pedro e como lhe daríamos a notícia. Só nessa infeliz noite soube quem era o pai do Pedro (que eu conhecia há muito da cidade) e a mãe. Ironias do destino !

O Pedro foi, para mim, uma daquelas raras oportunidades em que cruzamos com um outro ser humano absolutamente excepcional. Era simpático, cordato, disciplinado, empreendedor, gostava de aprender tudo sobre bombeiros e prometia ser um excepcional bombeiro.

Mantenho no meu actual gabinete a fotografia do Pedro. Faz-me pensar nele e na possibilidade de perdermos pessoas excepcionais por razões que jamais compreenderemos.
Pela estima que tinha pelo Pedro, acredito que o desaparecimento dele terá de ter acontecido por uma razão prática e boa para a Humanidade.
Há velas que não se apagam apenas porque o vento passa por elas. O Pedro era desses !

Por último fique a saber o meu sentimento de ambivalência pela entrega do Diploma do Pedro. Raiva por não lho entregar a ele, alegria porque ele o merecia….

Apresente os meus cumprimentos aos seus pais e receba para si e para a família, especialmente para o sobrinho do Pedro, um abraço do

Pedro Carvalho
Inspector de Bombeiros – Açores

PS – Gostaria de realçar que não sou capaz de fazer elogios “fáceis” e costumo ser razoavelmente frio no que toca a emoções (deformação profissional ?).
Durante o desempenho das minhas funções em Santarém dei 2 louvores, apesar de gostar de ver o trabalho bem feito. Mas, talvez pela personalidade do Pedro, ao escrever estas singelas linhas não pude evitar umas quantas lágrimas…
posted by Pedro Carvalho
Inspector de Bombeiros - Açores
ex-Comandante Bombeiros Municipais de Santarém

26 abril 2007

Um Olhar que me Acalma



Um olhar que me acalma, que me dá muita força, que eu amo muito, que me lembra muito o Tio Pedro, que me lembra todos os dias que é tão bom viver, que me faz querer aproveitar todo o tempo que passo ao seu lado.
Os filhos só se apercebem realmente do amor dos pais quando têm filhos e por isso em tantos momentos do meu dia-a-dia com o João Maria penso no sofrimento dos meus pais e de tantos outros pais que estão infelizmente na mesma situação.
Ninguém nunca vai ocupar o lugar que o Tio Pedro tem nas nossas memórias, nas nossas vidas, nos nossos corações, mas o João Maria tem sido um testemunho de vida e de alegria constantes, ajudando a suportar todos os momentos difíceis.
Meu querido filho: um grande beijinho para ti.
posted by Patrícia Costa Mateiro

16 abril 2007

A Internet tem destas coisas

Aqui há uns tempos uma menina do Brasil deixou um comentário no meu blog. A sua história assemelhava-se à minha, o irmão tinha falecido de acidente de mota há 3 meses atrás e também ela criou um blog ao qual deu o nome de Amai-vos.
Hoje de manhã recebo da Carla (que sem me conhecer, por acaso visitou a minha página do hi5) este texto maravilhoso. A partilha da dor com alguém que passou por uma situação semelhante, mesmo sendo um desconhecido, dá-nos algum conforto e esperança... que existe algo mais do que aquilo que conseguimos ver.
Apeteceu-me partilhar este texto com aqueles que vêem aqui ao blog, seja por saudades do Pedro, ou por infelizmente terem experiências de vida semelhantes à minha.
posted by Patrícia Costa Mateiro
"Quando ingressei na faculdade, conheci uma miúda que tal como eu, não conhecia ninguém no meio académico. Tornámo-nos as melhores amigas... Ríamo-nos das praxes, chorámos juntas os amores e desamores da vida, vivíamos cada dia intensamente. No verão de 2001, quando soubemos que tínhamos passado de ano na faculdade e que afinal o 1º ano da licenciatura de direito, até nem era tão difícil... Tínhamos festas e festas a toda a hora com a nossa turma e colegas mais velhos, que entretanto, achavam que tínhamos o perfil que qualquer caloiro devia ter: o de responsabilidade primeiro, o da diversão: sempre! Nesse mesmo ano e porque nem sempre se vive alegre... a minha amiga Andreia faleceu num acidente de automóvel (noticiado em toda a comunicação social) de noite, depois de uma festa a que eu por acaso não fui e portanto, não usufruí do mesmo meio de transporte que ela. Faleceram 2. Ela e outro amigo, num carro com 3 pessoas. O condutor não sofreu nada.
Ainda hoje custa muito e já passaram alguns anos. Ao longo do meu caminhar no curso, senti a sua falta e todos sempre nos referimos a ela como presente: como caminhando ao nosso lado e dando-nos força para continuar com uma coisa que ela não pode finalizar. Era filha única. Os pais, ficaram sem mais ninguém. Contam hoje connosco, sempre que necessitam. O namorado, a pessoa com quem ela namorava desde os 14 anos e que morava no mesmo prédio que ela... ficou de rastos. Afinal, tinham-se chateado e acabado a relação uns meses antes do fatídico dia. O Pedro ficou de rastos, sem poder dizer-lhe que a amava e que afinal só não estavam juntos por coisas sem importância, por chatices que às vezes arranjamos e que não existem. Porque às vezes, só se dá importância ao que se perde. Restou-lhe as melhores amigas para o consolar e para lhe dizer o que só ele precisava ouvir: a Andreia amava-o e tinha esperanças de reatar com ele, daquela briga feia que tiveram. Ele ao saber, deixou de estar preso ao passado, passou a viver um dia de cada vez. Hoje, o Pedro é um homem conformado que perdeu a sua alma gémea, mas que ganhou um anjo protector e que assim estarão sempre juntos.
Estava eu a relembrar-me de tudo isto como se fosse um filme a passar muito depressa sem um botão "stop" quando calhou ver a tua página hi5. Não sei se foi coincidência. Sei é que a tua história inspira muitas pessoas a seguirem em frente com calma, coragem e determinação.
Todas as pessoas são fortes, eu então tenho a mania que sei tudo, mando em tudo e nao choro nunca (típica jurista)... até viver um momento que não esperava. Um momento de fragilidade. Eu já vivi um. Infelizmente, sei que não será o único.
Particularmente sei que para ti, o dia 13 não é facil. Ainda mais um dia que dizem ser de azar. Pois eu hoje espero que te recordes somente das coisas boas. Como tu dizes: "do seu sorriso", da sua alegria, da sua amizade e eterna bondade que existirá e permanecerá sempre nos que o conheceram e o rodeavam. Nao te conheço Patricia. Nao conheci o Pedro. Mas não pude ficar indiferente. A dor essa, é profundamente marcante e por muito que queiramos não desaparece nunca. Houve muita coisa que ficou por fazer... por dizer... por viver junto, com aqueles sorrisos puros e alegria verdadeira.
Patrícia: Desejo-te a ti e à tua família, muita fé, muita paz e muita força para que a recordação não se apague e que ele viva sempre. Alguma coisa que necessites da minha parte, por favor não hesites em me contactar. Naquilo que puder fazer, fá-lo-ei sempre. Às vezes uma palavra amiga, consola o mundo e sana aquelas picadas que sentimos no coração. Continua quem és. Fantástica. Ele ficará orgulhoso.
Um abraco muito grande!"
posted by Carla Castro

08 abril 2007

O Tio Pedro fazia hoje anos 24 anos, a idade com que a mãe e o pai se casaram. As datas têm a importância que têm, mas esta semana acabou por se tornar mais difícil que as outras, e a proximidade do fim-de-semana de Páscoa foi-me deixando cada vez mais triste.
Durante toda a semana pensei em alguma coisa para escrever hoje, mas não me ocorreu nada de especial, nenhum poeta me inspirou, nenhum pensamento me iluminou.
Não sendo a finalidade deste blog um diário pessoal, hoje não resisto a partilhar um bocadinho do meu fim-de-semana.
Obrigada Rita por me ouvires e obrigada pelo abraço, obrigada Lurdes e Gabriela pelos telefonemas, obrigada Nuno por te lembrares, obrigada Mariana e Bekas pelos comentários no blog, obrigada Catarina pela tarde de sexta-feira, obrigada Pat e Di Tomaz pela agradável visita, obrigada mãe, pai, Té, Vanda (!!!!!), T Esteves, Chico Miguel por me encherem a casa. Coincidentemente ou não, apareceram quando eu mais precisava, tornando o fim-de-semana do aniversário do Tio Pedro mais alegre.
É assim que funcionam os anjos da guarda, estão lá em cima a mexer os cordelinhos para nos verem mais felizes. Obrigada mano.
Obrigada Zinho. Obrigada João Maria. Aos 2, obrigada sempre.
posted by Patrícia Costa Mateiro
João Maria,
hoje é um dia que em especial me traz muita saudade, mais do que todos os outros. Ao mesmo tempo estou também muito contente por ver que a tua mãe acha que tu estás cada vez mais parecido com o teu tio. Espero sinceramente que isso seja verdade, o que significa que vais ser uma pessoa maravilhosa, o melhor dos amigos.
Sei que tu não te deves lembrar do teu tio, mas neste dia lembra-te sempre de um anjo com um sorriso sincero que está sempre ao teu lado e vais estar a lembrar-te do Pedro. É assim que me vou lembrar para sempre dele, um grande amigo como aquele amigo com um sorriso inconfundivel e sempre com os braços abertos para os amigos...
Parabéns Costinha, nunca me vou esquecer de ti "mano".
Com muitas saudades
posted by Bekas

07 abril 2007

Semelhanças # 2 "A Alegria na Praia"

O Tio Pedro sempre adorou a praia e o avô Costa tinha imenso jeito para o ensinar a nadar. O avô Costa tinha por hábito tirar-nos as braçadeiras, a mim e ao Tio Pedro, e por-nos a boiar.

O João Maria também adora a praia! Mas filho, se queres mesmo aprender a nadar ou até só a boiar, não peças ao pai. Pede ao avô Costa ou vai para a natação (isto é só um conselho de mãe).

posted by Patrícia Costa Mateiro

Pedro Miguel Beja de Jesus Costa

N 08.04.1983 / F 13.09.2005