30 outubro 2015

São flores, mas não deviam ser

São flores que a mãe me pediu para apanhar do meu jardim e não devia ter pedido. São camélias e estrelicias que o Pedro apanhou de manhã e não devia ter apanhado. São flores que a mãe vai levar amanhã ao cemitério e não devia levar. São do meu jardim para ti, mas não deviam ser.

São dias que não deviam existir sem ti.

Os amigos dizem que aqueles que nós gostamos nunca partem, que estão sempre connosco e que tu estás sempre comigo. Mas não estás. Não jantaste comigo ontem, não almoçaste comigo hoje e não preciso de guardar lugar para ti na mesa deste Natal porque sei que não vais estar. 

E quando me perguntam como aguento, encolho os ombros e respondo, há dias que não.

23 outubro 2015

Bom FS

Sábado. Estamos em casa os dois de pijama, com riscas e quadrados que não combinam. A cama está desarrumada. Em cima do armário no corredor está roupa passada à espera de ser arrumada. O Zé tem restos de tinta branca no cabelo, pintou-o ontem em casa da avó. Aprendeu agora que se entregar o comando da televisão à avó e a deixar ver o Preço Certo, consegue ter mais mobilidade para mexer em tudo o que existe no quintal da avó. E as casas e os quintais das avós estão sempre carregados de surpresas. Ontem foi sexta, dia dos manos terem treino e de chegarmos a casa a tarde e más horas. O Zé adormeceu no sofá sem jantar, sem tomar banho e com a tinta no cabelo. 

Esta pode não ser a nossa melhor fotografia, mas eu adoro-a por tudo o que ela representa para mim. Por isso partilho aqui este momento de felicidade convosco. Bom FS. Hoje já é sexta-feira.  

Pedro Miguel Beja de Jesus Costa

N 08.04.1983 / F 13.09.2005